quinta-feira, julho 16

Vander Ferreira... O sem-abrigo que não pede dinheiro

Basta parar e pensar um pouco, ouvir o que está à nossa volta e damos conta de várias injustiças na nossa sociedade.
No dia do NOS Alice, eu e o Xu conhecemos um sem-abrigo, que dorme no jardim em frente ao tão badalado Mercado da Ribeira.
O contraste é impressionante: de um lado um espaço para gente gira, que está de bem com a vida, que vai beber um copo depois de um dia de trabalho. Que tem dinheiro para isso.  
Do outro lado um jardim com imensa gente a dormir, ao relento. 
Conhecemos então o Vander Ferreira. Diz que veio da República Dominicana, que chegou a Portugal à procura de uma vida melhor. Quando chegou roubaram-lhe tudo, inclusive o passaporte, e neste momento só tinha a roupa que trazia no corpo. Tremia de frio e de fome. Falámos com ele, demos-lhe a atenção que ele precisava. Nunca pediu dinheiro.
Demos-lhe alguma comida. E prometemos voltar no dia seguinte, com alguma roupa. 
Ele não acreditou, adormeceu sem esperança, e assim ficou até ao dia seguinte, quando nos viu a chegar de novo, com uma mochila com roupa, e uma manta polar. Isto porque se tinha queixado na noite anterior que tinha imenso frio. 
Não vou acrescentar muito mais à história. A mantinha foi ouro, o Vander viu ali um tesouro. Um tesouro tão valioso que só se preocupava em dizer que não ia deixar que ninguém roubasse a mantinha. 
Agradeceu, chorou, falou, lamentou-se. Um olhar sem esperança. 
Espero sinceramente que a sua vida se resolva, é triste, muito triste ver pessoas assim. Independentemente da história que viveram e que vivem neste momento. Toda a gente merece uma segunda hipótese na vida.
Somos uns sortudos em termos uma vida "normal" e digna. Devíamos dar mais valor a isso.  

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